sexta-feira, 25 de junho de 2010

Eu pensei que o raio não caísse duas vezes no mesmo lugar.

Eu pensei que o raio não caísse duas vezes no mesmo lugar. Pensei que uma só vez era o suficiente para aprender, voltar e consertar o erro. Que pedir por favor era mais que necessário, para que lhe atendessem.


Escolhi viver em um país estranho, com pessoas diferentes. Escolhi falar uma nova língua, com expressões que antes eu achará nunca falar. Escolhi não sonhar com o improvável, e obter da alucinação a mais pura razão. Escolhi me refugiar em um campo de guerra.

Deixei tudo para trás. Meu quarto, travesseiro, ursos, roupas, maquilagem, cadernos, diários, livros. Ah...deixei também a minha família. Fui em busca de aprender a viver. Encontrei os leões que eu temia nas pessoas que amava. Encontrei a inveja nas pessoas puritanas. Me encontrei como uma onça, e me descobri um ser-humano cheio de defeitos.

Percebi que não há um só umbigo no mundo. Que problemas são solucionáveis. Eu não tenho o privilégio de ser a única com problemas por aqui. Amigos vão e voltam. Entretanto a maioria vão e jamais volta a dar o ar de sua graça. Abandonam. Irmãos o tempo trás para você. Contudo há aqueles que nascem da mesma barriga que você...Ah, sim! Eles serão os seus portos seguros, seus verdadeiros escudos. Porto seguro.

Quando fui embora não sabia parte disso. Fiquei só. Em alguns momentos amargurada. Me perguntei várias vezes se não deveria voltar para casa, decidi que não. Em casa eu tinha meu maior inimigo, eu mesma. E dentro da minha cabeça insana eu me confrontava, me chamava de fraca.

Conheci várias culturas, ouvi falar de várias pessoas. Experimentei novos sabores. Abracei estranhos com problemas parecidos ou iguais aos meus. Ouvi histórias, contei histórias, escrevi histórias. Fiz um livro.

Hoje me sinto perdida, como se fosse a primeira vez. Sinto falta de casa: da comida, da bebida, do abraço, do meu quarto, do meu cobertor. Lembro-me do abraço da minha mãe, da música que ela cantava enquanto cozinhava, dos risos e abraços que me oferecia e eu não retribuía. Perdão.

A cada manhã me pergunto como será o meu dia. Preciso me comportar. Esse país não é meu, as leis são diferentes, mas o povo é tão igual. Como diz a música: “ como será o amanhã?...” Essa é a pergunta freqüente. Entretanto “...eu vivo com a pureza das respostas das crianças, é a vida é bonita e é bonita...” e assim a vida sege o percurso que me é de direito.

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