quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Parte I


Best friends. | via Facebook


" Numa noite especialmente boa

Não há nada mais que a gente possa fazer"




Hoje eu acordei bem cedo. Lembrei-me do dia em que você dormiu aqui. Ver você pela manhã ainda dormindo foi uma sensação única... O telefone está tocando. E a minha barriga gelou. Será que ele resolveu me ligar? Não era ele. Era o pessoal do trabalho, afinal eu já estava atrasada.

 “Alô” eu disse com uma voz ainda sonolenta, “Giovana onde você está? Estamos esperando você!” gritou o Matheus do outro lado “já estou a caminho” eu disse meio atrapalhada. Dei um pulo da cama, corri para escovar os dentes e arrumar o cabelo. Coloquei um vestido claro com estampa floral, que estava combinando com o meu romantismo do dia. Passei um blush e um gloss rosa clarinho. Abusei do rímel. Coloquei o mesmo perfume que usei na primeira vez que saímos juntos. Eu estava pronta. Não tive mais tempo de pensar em você. Eu não podia pensar.

 O Matheus sempre foi um amor de pessoa e um excelente amigo e profissional, porém não admitia atrasos.
 E lá estava eu com um sorriso cínico no rosto me desculpando pela falta: “Vamos Gi, temos pouco tempo” berrava o Matheus, enquanto o resto da equipe corria de um lado para outro pegando os materiais para iniciar a gravação. Retoquei a maquiagem. O tema do vídeo de hoje era sobre a sua banda preferida. Não sei se ficava feliz por me sentir um pouco mais próxima de você ou se saia correndo e chorando. Todas aquelas musicas eu havia escutado com você e dezenas dela você já tinha cantado para mim.

“Câmera ligada, em 3, 2, 1... vai”, engoli o choro coloquei um sorriso na cara e comecei a falar sobre a banda, as músicas e os boatos em torno deles. A cada música que tocava eu sentia meu coração diminuindo e minha voz sumindo. Eu estava suando frio. Era visível. Assim que terminou a gravação devolvi as fichas, fiquei sabendo o próximo tema. Cumprimentei a equipe e sai. Peguei uma xícara de café e sentei-me só. A única coisa que eu queria ouvir era o silêncio. Aquele sentimento estava me matando.


Nunca tive problema em falar na frente das câmeras. Muito menos nos bastidores. Mas naquele dia em especial eu estava introspectiva. Eu tinha a sensação de que ele também estava pensando em mim. E perdida em meio os meus pensamentos escutei uma voz ao fundo, era a Júlia, me perguntando se estava tudo bem, ao que respondi: “Sim, está tudo bem! Tudo ótimo”, a quem eu queria enganar? “Amiga, me conta, ainda é o Murilo? Gi, você tem que superar, não pode sofrer assim. Você estava indo tão bem”, não tive o que falar. Abracei a Jú e algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto borrando parte do meu rímel. (Continua...)