sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

 Nyjah Huston

" Disse que não podia ficar, mas levou a sério o que eu falei..."


Depois daquela manhã tumultuada entre broncas do Matheus, gravação e saudade. Resolvi que era hora de me concentrar no trabalho. Eu sempre adorei fazer aquilo. Vídeo e escrita sempre foram minhas maiores paixões.

Começamos então a buscar novas pautas para o nosso novo trabalho.

O trabalho que desempenhamos é independente, temos alguns patrocínios, mas precisamos especialmente de nós mesmo para que saia algo bacana. Decidimos então o nosso próximo assunto – Que serão filmes – e fomos recolher alguns títulos.

 Matheus é um alucinado por cinema. Ele adora todos os tipos de filmes.

Conheci o Matheus em uma quinta-feira no parque da minha cidade. Um garoto alto, branquinho, com um porte quase que atlético e o cabelo com pequenos cachos castanho-escuro. Ele estava com a galera dele andando de skate e eu apenas andando. Sentei-me bem próximo a eles observando as manobras que faziam. Em uma de suas manobras o Matheus levou uma bela queda e acabou por quebrar seu equipamento. Em um impulso, quase que irreal, eu levantei e corri para ajuda-lo, enquanto seus amigos zoavam de sua queda. Não é que eu tenha achado injustiça, isso é normal entre eles. Mas também não sei por que me compadeci tanto. Tá certo que ele é um gato, mas eu não estava interessada nele.

Em meio a minha reação desesperada e, cá entre nós, desastrada! Ouvi a voz dele, “calma moça eu estou bem”, então eu pude olhar para ele e constatar que sim, ele estava bem. “Desculpe, agi por impulso” e ele continuou me olhando “quer dizer, eu faria isso mesmo sem o impulso, eu faço isso por qualquer pessoa” Ele então fez ar de riso “Eu não estou dizendo que você é qualquer pessoa. Ai meu Deus, apenas me desculpe o.k!” eu estava atrapalhada, envergonhada e decidi sair correndo.

Notei que havia alguém vindo atrás de mim. Era ele e com um tom ofegante chegou mais perto, quando conseguiu balbuciar “Ei, espera! Você me ajudou e me fez ri, mas não me disse seu nome” eu olhei envergonhada, com a face ainda rubra “meu nome é Giovanna” e ele abriu um lindo sorriso, “Então Giovanna, eu sou o Matheus e pude perceber que você é tão mais enrolada com as palavras do que eu com o skate” e novamente riu da situação, dessa vez um pouco sem graça. “Bom, faz sentido!” e acabei rindo do tombo dele.

Matheus não era um bom esqueitista, na verdade ele nem era um esqueitista. Aquele dia ele estava lá acompanhando o primo dele, o Murilo. O primo dele sim era bom, quer dizer, um excelente esqueitista. Matheus só tentou aprender algumas coisas, e eu tinha que esta ali para ver a cena, ou melhor, o tombo. “Estou com aquela galera ali e me parece que eles gostaram de você” eu olhei para ele meio sem graça e ao mesmo tempo com o olhar de questionamento por ele esta me dizendo aquilo. “Estamos indo tomar um suco ali naquela lanchonete” apontando para o local e acenando para que os meninos o esperassem. “Então, vamos?” fiz que não com a cabeça, mas ele logo retrucou “eu deixei você zoar o meu tombo e só estou pedindo sua companhia para um suco, você me deve isso!” Eu ri, e então concordei em ir. O Matheus sempre foi um palhaço, sabia como falar e o que falar. Logo ficamos amigos. Naquele dia nem teve espaço para que eu conhecesse a tal galera. Nosso entrosamento foi imediato.

 “Então Giovanna, como você pôde ver eu não sou bom com skate” eu ri novamente me lembrando da queda e logo respondi “e como você, também, pode ver não sou tão boa com as palavras” ele consentiu e deu uma golada no suco de laranja que havia pedido. “Sabe moça bonita aprendi hoje que esse não é meu lance e prometo a você que jamais me verá caindo de um skate de novo por que não andarei em um de novo” nos olhamos e demos uma boa gargalhada. Depois que paramos de ri um da cara do outro tomei ar e falei “Então moço engraçado, afinal de contas, qual é o seu lance? Ou em tudo costuma levar tombos e topadas?” Ele fez uma cara de quem estava olhando para o nada, com um ar de cinismo e me respondeu “cinema, adoro tudo ligado a esse assunto”. Um tempo depois se aproximou um garoto aparentemente sem graça e todo largado, ele falava com algumas gírias e se vestia com roupas largas. Fiquei analisando como uma pessoa tão legal podia andar com uma pessoa daquela. “Giovanna esse é o Murilo, meu primo, acabou de chegar de São Paulo, vim apresentar para a galera do skate. Ele é um excelente esqueitista”, mas parece que antipatia era mútua. Quem diria que eu iria me apaixonar por aquela coisa largada.

“Gi acorda! No que você estava pensando? Você está dispersa ultimamente”. Era o Matheus me chamando para a nossa reunião, ele me abraçou e fomos juntos ao encontro da equipe. “Sabe Matheus, você podia voltar a cair de skate” ele me olhou meio sem entender e riu. 

Continua, parte III...