É muito estranho pensar que há um
mês eu estava me preparando para entrar de férias. Com planos de mudar muitas
coisas que estavam acontecendo na minha vida. Fiz tantos planos e projetei
tantas falas, discursos, ações. Escrevi e reescrevi o que eu havia de fazer.
Decorei todos os textos e como uma boa atriz acreditei no personagem. No meu e
no dos outros. O problema é que eu até posso ser atriz principal da minha
história. Mas em meio à direção e parte técnica, só me aproximo de ser coautora.
O mais gozado é achar que em trinta dias eu conseguiria colocar os outros
trezentos e trinta e cinco dias em ordem. Não achei que levaria mais tempo
descobrindo meu coração e minha cabeça. Organizar a casa, as roupas e os papéis
são tão mais fácil do que olhar para dentro e ter que se enxergar. Auto-organização,
ou entendimento, ou descobrimento são de tão bons um pouco tumultuados. Desorganizar
uma casa, tirar todos os móveis do lugar para recoloca-los é mais fácil do que
mover sentimentos e lembranças para decidir em que parte do seu cérebro ou
coração guardar. A pior caixa é a do esquecimento. O pior é ter que esquecer.
Enfim, fiz pouco do que me havia proposto. Entretanto, joguei muitas coisas
fora. Livrei-me de quem em nada me acrescentava, o contrário, me diminuía. Não
fiz por vontade, por força maior. Decepcionei-me, cai, levantei, chorei tudo
que tinha que chorar. Restou apenas levantar, sacudir a poeira e seguir em
frente. Mais uma vez seguir em frente. Aprendi tanto que o mês me pareceu bem
mais que trinta dias. Não entrei de férias, fui transferida para uma escola na
qual aprendemos a lidar com as nossas transações sentimentais; Comissionar às
perdas e os ganhos; Pagar com bondade a quem nos feriu. E no final,
contabilizar apenas o que foi bom. Ser sábio é tirar proveito das perdas,
porque dos ganhos já estamos acostumados a gozar. O mês acabou e está na hora
de voltar. Deixa, obviamente, a nostalgia do barzinho no final da tarde de uma
segunda. Da boemia em uma quinta-feira à noite. Do domingo ente amigos e da
segunda-feira cheia de ressaca e sem nenhuma preocupação. Um gosto de férias
que apesar de ter tido várias surpresas desagradáveis, me trouxe excelente
lições e enormes aprendizados. Agora de despedida me resta agradecer: Deus e a
todas as pessoas que estiveram comigo e principalmente as que se foram. E como
eu dizia desde o inicio de tudo, vamos lá “vida que segue”!
“...Nem
desistir nem tentar. Agora, tanto faz! Estamos indo de volta pra casa.“